Nesta edição de O Lado da Produção  trazemos uma conversa especial com NOXIN, um artista que mistura metal, rap e eletrónica de forma única. As suas influências, que vão de Limp Bizkit a Nine Inch Nails, junto à sua paixão por sci-fi, moldam tanto a estética quanto o som do projeto. Vamos entender como é que essas referências ajudaram a criar o estilo singular de NOXIN e o que podemos esperar do seu aguardado álbum de estreia. 

Wise Wave: O  teu projeto é fruto de uma mistura entre metal, rap e eletrónica. Podes contar-nos como te deixaste influenciar por estes géneros e como começaste a moldar o teu som num estilo único?
Noxin: Se for a falar de todas as bandas e artistas desses estilos que me influenciaram ou do que hoje em dia me influencia nunca mais saíamos daqui. Mas se for ao ínicio de tudo, lembro-me de bater mal quando vi o vídeo da “My Generation” dos Limp Bizkit, com 9 ou 10 anos. A partir daí, comecei a explorar bandas como Slipknot, Korn, Deftones, Rage Against the Machine, Linkin Park, P.O.D etc. O Nu-Metal sempre foi a minha cena. Mais para a frente descobri Meshuggah, Lamb of God, In Flames, Gojira, Tool. No rap, comecei a ouvir Eminem, Dealema, Mind Da Gap, MatoZoo, Wu-Tang Clan, Cypress Hill, House of Pain, Nas, MF Doom e mais tarde Dope D.O.D. A eletrónica chegou mais tarde, na adolescência, com Nine Inch Nails, Moby, Noisia, Aphex Twin, Portishead, Massive Attack, Prodigy. Estes 3 mundos da música sempre estiveram presentes na minha caminhada. Comecei em bandas de metal como vocalista e a solo a dar os primeiros passos de produção com o meu projeto a solo, Dyman. De uma forma muito resumida, o meu percurso tanto na exploração auditiva como na prática musical, influenciaram na criação de NOXIN e no que sou hoje. Mas há mais para além disso.
Wise Wave: Como é que a atmosfera sci-fi entrou no teu universo musical e influencia as tuas produções?
Noxin: Bastante. Para além da música, sempre vi grandes filmes por influência do meu pai, Ganhei uma enorme paixão por sci-fi, com filmes como Alien e Blade Runner, do Ridley Scott, sem dúvida os mais marcantes para mim. Também sou apaixonado por filmes de terror. Além dos filmes, pinturas, artes plásticas, e outras formas de arte com essa atmosfera. Acaba por me influenciar de uma forma estética e ajuda-me a pintar a música de outra forma.
Wise Wave: Sabemos que NOXIN foi “criado em confinamento”, mas que o conceito já vinha a ser pensado desde 2015. Podes partilhar connosco como surgiu inicialmente a ideia para este projeto e o que te levou a finalmente “trazer o monstro cá para fora”?
Noxin: Sempre quis fazer um projeto de rap em português. Quando comecei no mundo da música, escrevia em inglês. Em 2015, comecei a escrever letras em português e a produzir alguns beats. Quando surgiu a pandemia, fiquei fechado no estúdio e decidi pôr mãos à obra. Não posso morrer sem deixar na Terra um disco na minha língua materna nem deixar o que tenho para dizer em bom português. Isto é só o início.

 

 

Wise Wave: Muitos dos instrumentais já estavam guardados na gaveta. Como foi o processo de revisitar e dar vida a esses temas agora?
Noxin: Maior parte deles eram de 2015. Alguns de uns anos anteriores. Eram apenas a base da ideia para os beats. O beat do meu primeiro tema NEXUS e da RONIN com o Buli2b foram feitos em 2013 por exemplo. O resto foi pegar em partes aqui e ali e ir moldando a coisa.
Wise Wave: Tens colaborado com vários artistas como Rato 54, Buli2b, Spitz e Didgang com Misfit Trauma Queen. O que procuras numa colaboração e como esses artistas contribuíram para o teu som?
Noxin: É das coisas que mais gosto de fazer. Apesar de estar a preparar o meu primeiro álbum, tento sempre colaborar com artistas com quem sinto alguma ligação ou que admiro. Gosto também de sair da minha zona de conforto e experimentar outras vertentes como a participação que fiz para a “Red Pills” do Ground9.
Wise Wave: Também colaboras com frequência com o MK Scratch. Como tem sido trabalhar com este DJ e o que achas que ele traz de diferente às tuas músicas?
Noxin: Conheci o MK por intermédio do Laranja. Precisava de scratch para a NEXUS, sempre quis ter scratch nas minhas músicas que não fosse artificial. Contactei o MK e foi quase automático. O MK tem uma excelente cultura e gostos musicais. A partir daí, ficámos amigos, e, do que depender de mim, será sempre ele a acompanhar-me ao vivo.

 

 

Wise Wave: Participaste num episódio do Mike Billions a convite do Miguel Milhão, num registo diferente do que habitualmente tens. Como foi essa experiência e o que te motivou a colaborar com ele?
Noxin: Sempre gostei de ouvir o podcast do Miguel. Quando ele anunciou o V Império decidi entrar no discord para ter um maior contacto com ele e para tentar chegar a mais gente. Partilhei NOXIN no discord e enviei-he também. Curtiu a cena e acabou por me convidar a mim e à Spitz. Foi uma boa experiência. Diferente.
Wise Wave: Estás a trabalhar no teu primeiro álbum. O que podemos esperar desse projeto? Há algum conceito específico que estás a explorar? Tens algum objetivo claro em relação ao impacto que queres deixar no hip hop português com este álbum?
Noxin: O conceito é seguir as atmosferas que gosto, como já falámos. O meu objetivo é criar o melhor álbum de rap em português que conseguir e deixar a marca de que existem mais estilos para explorar além do que se vê mais em Portugal. Só quero fazer a música que gosto. O resto, o tempo dirá.

 

Wise Wave: O teu som mistura várias influências e géneros. Como funciona o teu processo criativo ao trabalhar numa nova faixa? Tens alguma fórmula ou segues o teu instinto em cada nova criação?
Noxin: Por norma, começo sempre pelo instrumental. A faixa JUDA acho que foi a única, em toda a minha vida, que começou pela letra. Não tenho nenhuma regra ou formula específica. Na maioria das vezes, é através da experimentação até chegar a um som de que goste. Se não abanar a cabeça com um beat, esse som não sai. Para o primeiro álbum de NOXIN, estou a tentar seguir um ambiente e tentar fazer a coisa o mais coeso possível. Mas como gosto de tantos estilos musicais, as vezes é difícil para mim ficar preso num mundo só.
Wise Wave: Quais têm sido os maiores desafios que tens enfrentado como artista a tentar trazer algo novo para o panorama do hip hop português? O que podemos esperar de NOXIN nos próximos tempos? Tens novas colaborações ou outros projetos a caminho?
Noxin: O maior desafio para mim é tratar de toda a parte de divulgação, redes sociais e todas essas burocracias. Perco mais tempo com isso do que a fazer som, e não gosto. Mas a disciplina diz-me que tem de ser assim se quiser continuar a fazer tudo sozinho. Nos próximo tempos,não sei. Tenho as ideias, mas, por agora, quero acabar o álbum, olhar para a prateleira e pensar: “quis fazer e fiz. Está aqui.” Mas tenho ja em vista o próximo planeta para NOXIN aterrar. Não sei se vou continuar a rimar ou a fazer apenas instrumentais. Uma coisa é certa: acho que nunca vou deixar de fazer música ou de criar algo, seja som, fotografia, vídeo, design, etc.

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